quinta-feira, 4 de setembro de 2014
O exploracionista: Como é um achador?
A resposta óbvia está nas características
intrínsecas do gerenciamento de uma grande mineradora e de uma pequena. A
diferença está no homem e não no orçamento. Os programas de exploração de
sucesso sempre tem em comum um tipo de homem que está no timão: o exploracionista. Ele é um
visionário, com grande experiência e coragem, que navega com muita facilidade
nas várias áreas da geologia e que consegue como ninguém traduzir as
evidências, que outros têm dificuldade de ver ou entender, em uma descoberta.
As grandes empresas se tornaram grandes
após uma fase exploratória de sucesso. Com o sucesso na exploração vieram as
minas e a necessidade de empregar profissionais com perfis muito diferentes dos
perfis de um exploracionista.
Os novos chefes são responsáveis por
grandes orçamentos e estão muito mais preocupados com cash-flows e retornos
sobre os ativos existentes do que na estória impalpável e improvável que um
geólogo de exploração possa estar contando. Estes dirigentes de grandes empresas
são, em sua imensa maioria, burocratas conservadores totalmente incompatíveis
com os riscos e a imponderabilidade da exploração mineral. De uma forma geral
eles entendem muito bem os mecanismos das aquisições, das fusões e joint
ventures e quase nada da exploração mineral. Naturalmente os novos chefes se
cercaram de clones que tentam imitá-los e às suas habilidades e conhecimentos
em detrimento de outras virtudes mais importantes mas agora desprezadas. Nas
grandes empresas os geólogos passaram então a saber tudo sobre cash-flows, rate
of returns, EVA e, cada vez menos sobre spinifex, gossans, ou outros
parâmetros fundamentais da arte exploratória. Os geólogos destas empresas podem
falar sobre Kuroko sem nunca ter estado no Japão, mas a maioria é incapaz de
distinguir um boxwork de pirrotita de um de calcopirita. O resultado dessa
tendência foi o insucesso de
quase todos os programas
exploratórios mundiais conduzidos pelas grandes mineradoras. As excessões são
poucas e quase desprezíveis quando considerarmos os investimentos efetuados.
Impulsionados pela mesmice das grandes
empresas os verdadeiros exploracionistas começaram a criar asas e voar por
intermédio de sua própria empresa. Uma junior company.
Os resultados desta nova estratégia não se
fez esperar: a maioria das grandes descobertas da última década foram feitas
por junior companies e não pelas majors.
A competência das juniors e incompetência
das majors na exploração mineral é um assunto polêmico e gerador de debates
acirrados. No entanto o que parecia ser uma simples constatação estatística
passa a ter um suporte inesperado, das próprias major companies. As grandes
mineradoras , a cada dia que passa, começam a reconhecer as suas limitações e
passam a apoiar a exploração feita pelas pequenas empresas. Essa mudança de
estratégia coloca na devida perspectiva as áreas tão diferentes quanto
exploração mineral e mineração.
Desta forma a junior, mais flexível e
dinâmica, passa a ser financiada por uma grande empresa ou
pelo público ou ambos, acumulando tão somente as funções inerentes à
exploração mineral.
A fórmula é altamente interessante para
todos e empresas como a Rio Tinto, por exemplo, já investem milhões de dólares
nesta associação com pequenas exploradoras minerais (mais).
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