quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O exploracionista: Como é um achador?




De: Pedro Jacobi (geologo.com.br)

A resposta óbvia está nas características intrínsecas do gerenciamento de uma grande mineradora e de uma pequena. A diferença está no homem e não no orçamento. Os programas de exploração de sucesso sempre tem em comum um tipo de homem que está no timão: o exploracionista. Ele é um visionário, com grande experiência e coragem, que navega com muita facilidade nas várias áreas da geologia e que consegue como ninguém traduzir as evidências, que outros têm dificuldade de ver ou entender, em uma descoberta.
As grandes empresas se tornaram grandes após uma fase exploratória de sucesso. Com o sucesso na exploração vieram as minas e a necessidade de empregar profissionais com perfis muito diferentes dos perfis de um exploracionista.
Os novos chefes são responsáveis por grandes orçamentos e estão muito mais preocupados com cash-flows e retornos sobre os ativos existentes do que na estória impalpável e improvável que um geólogo de exploração possa estar contando. Estes dirigentes de grandes empresas são, em sua imensa maioria, burocratas conservadores totalmente incompatíveis com os riscos e a imponderabilidade da exploração mineral. De uma forma geral eles entendem muito bem os mecanismos das aquisições, das fusões e joint ventures e quase nada da exploração mineral. Naturalmente os novos chefes se cercaram de clones que tentam imitá-los e às suas habilidades e conhecimentos em detrimento de outras virtudes mais importantes mas agora desprezadas. Nas grandes empresas os geólogos passaram então a saber tudo sobre cash-flows, rate of returns, EVA e, cada vez menos sobre spinifex,  gossans, ou outros parâmetros fundamentais da arte exploratória. Os geólogos destas empresas podem falar sobre Kuroko sem nunca ter estado no Japão, mas a maioria é incapaz de distinguir um boxwork de pirrotita de um de calcopirita. O resultado dessa tendência foi o insucesso de quase todos os programas exploratórios mundiais conduzidos pelas grandes mineradoras. As excessões são poucas e quase desprezíveis quando considerarmos os investimentos efetuados.
Impulsionados pela mesmice das grandes empresas os verdadeiros exploracionistas começaram a criar asas e voar por intermédio de sua própria empresa. Uma junior company.
Os resultados desta nova estratégia não se fez esperar: a maioria das grandes descobertas da última década foram feitas por junior companies e não pelas majors.
A competência das juniors e incompetência das majors na exploração mineral é um assunto polêmico e gerador de debates acirrados. No entanto o que parecia ser uma simples constatação estatística passa a ter um suporte inesperado, das próprias major companies. As grandes mineradoras , a cada dia que passa, começam a reconhecer as suas limitações e passam a apoiar a exploração feita pelas pequenas empresas. Essa mudança de estratégia  coloca na devida perspectiva as áreas tão diferentes quanto exploração mineral e mineração.
Desta forma a junior, mais flexível e dinâmica, passa a ser financiada por uma grande empresa ou pelo público ou ambos, acumulando  tão somente as funções inerentes à exploração mineral.
A fórmula é altamente interessante para todos e empresas como a Rio Tinto, por exemplo, já investem milhões de dólares nesta associação com pequenas exploradoras minerais (mais).

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